
O governo iraniano confirmou ter ordenado a suspensão quase total da internet no país como uma medida de proteção contra ataques cibernéticos vindos de Israel. A interrupção, que afetou milhões de cidadãos, foi classificada como um “apagão nacional da internet” e limitou drasticamente o acesso à informação e a comunicação interna e externa dos iranianos.
Segundo Fatemeh Mohajerani, porta-voz do governo iraniano, a decisão foi tomada diante de ataques a infraestruturas críticas do país, como bancos e sistemas de criptomoedas. “Muitos drones inimigos são operados via internet e uma grande quantidade de informações é trocada dessa forma. Considerando os recentes ataques, decidimos impor restrições severas à internet”, afirmou Mohajerani.
Entre os alvos dos ataques estão o banco estatal Sepah e a exchange de criptomoedas Nobitex. Ambos foram invadidos por um grupo conhecido como Predatory Sparrow (ou Gonjeshke Darande, em persa), um coletivo de hacktivistas pró-Israel que já havia sido responsável por paralisar postos de gasolina e usinas de aço no Irã.
A medida, no entanto, está gerando grandes dificuldades para a população, especialmente no contexto dos bombardeios israelenses em curso. “Minha família precisou evacuar Teerã após alertas de ataques, mas estou há dois dias sem notícias deles”, relatou Amir Rashidi, especialista em cibersegurança e diretor do Miaan Group. “Nem ligações funcionam. Quem liga de fora ouve apenas uma mensagem sem sentido.”
Apesar do bloqueio, alguns iranianos mais experientes em tecnologia estão conseguindo acessar a internet usando servidores privados ou conexões instáveis via ADSL. Mas, segundo o ativista Nariman Gharib, que vive no Reino Unido, esse grupo é muito pequeno. “É uma situação crítica, com a internet praticamente inacessível para a maioria das pessoas.”